8 - UM FATO CONSTRANGEDOR

                 Na sexta-feira da semana seguinte ainda em maio, eu estava sentado em uma carteira que dava para ver fora da sala através da porta que estava aberta no momento. O Carlos que fazia umas brincadeiras, assobiou para a Vanessa que estava jogando bola com uma sua amiga Margarete e me mandou olhar para fora. Eu olhei e vi elas olhando e sorrindo de mim, pensaram que fui eu quem assobiou. Até ele comentou achando engraçado:

                 A Vanessa pensou que foi o Adial quem assobiou para ela!

                Eu ficava meio envergonhado até com isso... mas o que aconteceu depois no recreio ou intervalo das aulas foi bem mais constrangedor, me senti em uma saia justa como se diz. Estava nos degraus da cancha com o Daniel, olhando um caderno onde eu desenhava personagens de terror. Não eram desenhos muito bons, era apenas um passatempo ou hobbye meu da época. Então vi alguém se aproximar e notei primeiro dois calçados brancos que pararam perto de mim. Eu olhei para cima e vi o meu amor que me falou:

                 Ôi Adial.

                Como demorei a responder ela voltou a dizer:

                 Ôi?

                 Ôi. (Finalmente respondi).

                 Deixa eu ver este caderno?

                 Veja.

                Ela se afastou e foi para perto das amigas dela levando o caderno. E de repente eu me lembrei que dentro dele havia um sapo feito de papel dobrado, no qual estavam escritas coisas dela que eu não queria que ela olhasse. O Daniel havia escrito por cima "Procure a palavra Vanessa" e eu respondi comentando algo sensual sobre a menina que eu gostava, porém foi por brincadeira, naquele ímpeto de adolescente. Escrevi: Aquele tesão? Ele respondeu que sim. Saí correndo atrás dela e lhe pedi o caderno:

                 Ei,dá isso aqui!

                ➖ Ai, que susto! (Respondeu a Vanessa).

                 Não agora é dela (Brincou uma das amigas).

                 Eu só quero ver (Disse a Vanessa).

                 Não, é que tem um negócio aí que eu não quero que você veja! (Respondi eu).

                Ela abraçou o caderno e disse:

                 Ah não, agora eu quero ver.

                 Dá, deixa eu tirar...

                Ela se desviava de mim e não me entregava o caderno enquanto suas amigas diziam:

                  Não, não, não!

                Eu lhe implorei desesperado:

                 Dá, por favor!

                 Tá bom. Diga o que é que eu tiro para você.

                Eu estava tão constrangido que não queria nem que ela pegasse aquele sapo de papel, se ela lesse algo seria frente a frente comigo.

                ➖ Não, eu sei...

                Enquanto isso ela puxou o tal caderno e se esquivou de mim novamente. Não me restava chance a não ser fugir. Corri para o banheiro masculino e me tranquei lá durante o recreio. Depois o Gerson da minha sala pediu para eu mudar de lugar que ele ia fumar lá. Mudei para o último canto. Depois veio o Daniel e perguntei dela.

                 Ela estava te procurando!

                 A perereca estava lá dentro! (Respondi assim me referindo ao sapo ou perereca de papel dobrado).

                 Ai, ai, ai, aquilo estava tudo na minha letra!

                Ele disse que ela estava de cara feia olhando para o lado onde estávamos. E que se acontecesse algo era para eu não dizer que foi ele quem escreveu ou algo assim. Entendi, na verdade foi eu que escrevi as palavras meio comprometedoras. Eu lhe disse que se acontecesse alguma coisa ia dizer que foi um menino da tarde e outro que não era desta escola quem escreveram. Eu tinha escrito aquilo por brincadeira. Depois chegou o primo deste amigo e disse que a Vanessa estava com o Professor Nilton mas havia mentido, ela não me denunciou. Este professor era um tipo de Diretor Auxiliar daquela escola. Depois um outro aluno de outra sala entrou no banheiro e me perguntou:

                 De quem que você está se escondendo?

                 De um piá lá... (Respondi sem saber o que dizer).

                 Da guria?

                 Tem uma guria te procurando.

                Fiquei o recreio todo lá, com medo. E pedi ao Aparecido que olhasse se ela não estava por perto quando tivemos que voltar para a sala de aula. Não estava e então fui para a sala. Aí o Daniel me lembrou que ela tem o caderno desta história e as letras são iguais às do sapo, por isso não adiantaria eu inventar que foi outro quem escreveu. Aí chegou a aluna Clarice que também sabe dessa história trazendo o meu caderno. Perguntei a ela o que aconteceu, se elas leram e ela respondeu:

                 Viram tudo.

                Contou que a Vanessa perguntou onde eu estava. Então ela veio perguntar ao Daniel que disse que eu estava lá trancado dentro do banheiro. Ela falou para a Vanessa e esta mandou a Clarice me entregar o caderno e me dizer que me manda um beijo. Senti um alívio e ao mesmo tempo me derreti de paixão ao ouvir aquilo.

                

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