7 - FINALMENTE REVELEI A ELA O QUE EU SENTIA...

                Queria que ela soubesse que eu gosto dela, mas eu não tive coragem de falar com ela. E nem tive oportunidade, pois no recreio ela fica com suas amigas e eu não queria que outras pessoas soubessem disso, tinha muita vergonha. Para ser bem sincero morria de vergonha que professores e principalmente os pais dela soubessem disso. Faço agora um adendo atual ao texto... sempre fui tímido, acho que é algo inerente à minha pessoa. Desde mais ou menos uns quatro ou cinco anos tinha vergonha de estranhos e até de parentes que eu não convivia muito. Desde quando entrei na escola no primeiro dia precisei me adaptar às novas pessoas. Era um caipira como diriam no interior, embora fosse um caipira de capital. Por sinal o povo desta cidade é bem fechado também e não ajuda em quase nada a nossa desenvoltura. Mas enfim... eu gostava dela desde que a conheci, mas até agora ela não sabia disso.

                                             O RESUMO ESCRITO E A CARTA

                Como não tinha coragem de ir me declarar, resolvi mandar escrito para ela o resumo desta história. E mandei o primo do Daniel entregar. Disse-lhe que era para entregar quando as amigas não estivessem com ela e era para fazer isso na saída das aulas. Coloquei em um tipo de envelope o resto do primeiro caderno no qual escrevi esta história e coloquei em letra de forma para que se alguém visse aquilo não reconhecesse minha letra. Acho que coloquei o nome dela, algo como Para a Vanessa Ferretti e no fim eu escrevi: Ass.: Adial... Escrevi para ela saber que fui eu quem mandou. E fui para casa pensando que finalmente ela soube que eu a amava. Tinha escrito no fim também um recado: se ela quisesse vir falar comigo sobre esse assunto que viesse sozinha.

                No dia seguinte eu perguntei ao que entregou o que aconteceu. E ele disse que a princípio quando falou que foi eu quem mandou ela retrucou:
                 Ih, pode mandar de volta!
                Ele insistiu que lesse e ela abriu e foi lendo. Com isso você que me lê agora pode perceber a contradição que era esta menina. Houve um erro da minha parte em falar e fazer asneiras na sala quando estudei com ela. Mas eram coisas de criança, vejo assim hoje. Talvez uma forma de chamar a atenção, uma revolta interior, sei lá. Talvez no envelope ela pensou que fosse alguma das minhas bobeiras. Analisando minha vida pregressa concluo que sempre fui desajustado com a maioria das pessoas. De certa forma até hoje sou, embora seja bem mais experiente e reflita antes de fazer as coisas.
                Dias depois mandei uma carta dizendo que ela podia acreditar no que escrevi antes. Coloquei as frases que escrevi no ano passado, que estão no capítulo 5. Ilustrei o envelope, contei-lhe outras coisas também. E o primo do Daniel disse que dessa vez ela ao receber agradeceu. Ela às vezes ficava me olhando... em um sábado eu estava na sala 10, em uma aula de Matemática. Ela passou me olhando e eu a olhei também. Depois tornou a passar me observando.

                                            A RESPOSTA

                Ora... em uma segunda-feira de maio ela veio falar comigo no recreio. Pediu licença ao Daniel e ao Ismael, outro aluno da minha sala, para falar comigo a sós. Ela se sentou ao meu lado e então me perguntou porque eu tinha mandado aquilo. E eu perguntei por que ela me olhava daquele jeito na 6a2a, que até o Sandro era testemunha. Ela me perguntou do que ele era testemunha e eu lhe disse que ela sabia. Aí ela disse que segundo os outros não ia dar certo isso. E me perguntou se eu nunca gostei de outra menina. Eu respondi que não e aí ela disse:
                   Ah Adial, você não gosta de mim não, é imaginação tua!
                 Não é não.
                 Viu Adial... eu quero ser tua amiga, eu te ajudo...
                 Tudo bem então.
                Dessa vez a expressão do seu rosto não demonstrava amor por mim. Depois me disse ao sair que a Margarete perguntou se eu não me lembrava mais dela. Eu disse que lembrava sim. A Vanessa estava dessa vez de blusa marrom e calça de Educação Física. Ela nem imagina como havia ferido meus sentimentos. Voltei triste para casa. Cheguei a pensar que ela não me amava. Pensei em esquecê-la mas não consegui. Como doía meu coração. Eu não aguentei: as lágrimas corriam pela minha face vermelha. Nada me deixava alegre e nada podia apagar a dor no coração que eu sentia naquela noite. Em casa no banheiro chorei baixo para que o meu pai e a minha irmã não me ouvissem.

                No dia seguinte eu estava com o Daniel sentado na cancha novamente, era o recreio. Uma das amigas da Vanessa, a Izabel se aproximou de mim e falou:
               Adial, a Vanessa te ama.
             Quem... quem é que mandou dizer?
             Ela mesma.
            A  Vanessa estava de blusa branca naquele dia. E a Izabel com aquela resposta apagou a minha tristeza.

            Na sexta-feira daquela semana eu estava descendo a escada do prédio novo e me encontrei com ela que subia. O Carlos me falou para olhá-la. Logo após o Aparecido me disse que ela ficou olhando para o lado da nossa sala para ver se eu estava lá. Ela está a fim de você disse ele. Como o Carlos, o Aparecido leu a história do amor que eu sinto pela Vanessa. O Rui também sabe, porque um dia ele foi dispensado da aula de Educação Física, ficou na sala de aula e viu meu caderno. O José e o Gerson também, eu não pude fazer nada.

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