4 - OUTRA GRANDE DESCOBERTA: EU ERA CORRESPONDIDO!

                Eu pensei que ela não gostava de mim, mas um dia eu estava na sala e ela estava conversando. Eu lhe disse para provocá-la:

             Êh Vanessa palhaça, por que que não vai pro circo?

             ➖  Ah, só se for com você! (Respondeu ela).

            Passou quase um minuto e tornei a dizer o mesmo:

             ➖ Êh Vanessa palhaça, por que que não vai pro circo?

            E ela voltou a responder:

             ➖  Ah, só se for com você!


            Estou aqui reproduzindo o que escrevi quando tinha acho que uns catorze anos, cerca de um ano e meio depois que a conheci. Ainda tinha uma lembrança exata dos fatos, até das palavras dela. Esta ingenuidade de pensar e escrever era da ocasião que escrevi meu caderno, parecia um diário da minha paixão. O diálogo anterior foi legal para mim, mas o que realmente me fez acreditar que era correspondido aconteceu depois... um dia aconteceu um fato que me deixou muito feliz e apaixonado. Foi assim:


            Estava eu na sala, sentado na carteira, conversando com um aluno chamado Sandro. Estava sentado de lado, de modo que fiquei de frente para ela que estava sentada numa fileira ao lado. Lembro-me que desta vez era eu que estava sorrindo e ela me observando. De repente falou o meu nome de uma maneira suave e prolongada e meio baixo, tipo sussurrando:

               Adiaal...

            Eu já estava de frente na carteira e não percebi que era ela quem tinha falado.

               Quem é que disse Adial aí? (Eu perguntei e olhei para o lado dela).

               Adiaal! (Ela tornou a dizer).

            Eu olhei para o Sandro e ele sorrindo disse:

               Responda assim: que que ééé!

            Mas eu não disse nada, pois tinha vergonha de responder. Se não me engano ela falou o meu nome mais duas vezes e era quase o fim da terceira aula. Tocou o sinal para o recreio (hoje acho que chamam intervalo). Ela estava guardando o material e eu fiquei olhando gamado nela, esboçando um sorriso. E ela voltou a dizer:

               Adiaal!

            Mas eu não falei nada. Como ela estava bonita naquele dia, como aliás sempre estava... sorrindo, chorando ou brava. Estava com um blusa cinza claro e com aquele lindo sorriso esboçado em seus lábios, bem como seus olhos me fitando como que apaixonados por mim. Aquele recreio todo eu fiquei pensando nela, com o coração transbordando de amor, feliz da vida com uma importantíssima descoberta: ela também gostava de mim! Acho que você que lê irá rir de mim mas eu fiquei sozinho num canto do colégio lembrando do acontecimento, num momento coloquei minhas mãos sobre meu coração e pensei comigo mesmo: Acho que estou amando... Quando estava voltando para a sala perguntei ao Sandro:

               Sandro por que que a Vanessa falou daquele jeito?

             Porque ela gosta de você... ela te ama.

             Ééé? (Respondi eu como se não tivesse entendido).


            Um outro dia eu estava sentado na carteira de costas para o corredor. Estava falando com o Sandro de novo. Naquele dia ela sentou na última carteira de uma das filas. Passou pelo corredor para ir para a carteira dela e disse:

             Ôi Adial (Ao falar isso me passou a mão nos meus cabelos por trás da cabeça).

             Êh, pra quê isso? (Respondi num ímpeto, por não saber o que dizer na ocasião).

            E ela deu uma risadinha.


            Um outro fato aconteceu, me impressionando pelo modo que ela falou comigo. Eu estava falando com a Lucélia, outra colega de classe, sobre filmes de terror. Naquele tempo era uma outra paixão que eu tinha assistir filmes de suspense e terror na televisão de noite. Assisto desde que tinha uns nove anos de idade. A Vanessa passando perto de mim com um caderno e uma caneta nas mãos, me disse:

             Adiarr! Olha a conversa.


             Ela marcava o nome dos alunos que conversavam fora de hora, muitas vezes no quadro. Mas pelo modo delicado e em tom de brincadeira que falou comigo acho que disse aquilo não pela conversa, mas porque gostava de mim.


            E eram essas as minhas atividades e diversões nesta época. Meus pais nunca foram de viajar muito e para lugares variados como outras famílias. E também éramos mais pobres ainda que somos hoje, já moramos em casa de madeira com duas peças quando saímos do aluguel. Eu ia sempre ao norte do Estado, nas cidades de Jaguapitã e Londrina onde temos parentes, pois meus avós paternos já tinham se mudado de Arapongas para Curitiba. Eu gostava de ir para a escola e de tarde meu entretenimento era a televisão. Assistia desenhos animados, filmes de aventura e de terror, de suspense, de faroeste e alguns programas. Naquele tempo a programação televisiva era mais interessante que a de hoje que a meu ver decaiu bastante. Ajudava minha mãe nas tarefas domésticas como lavar louças e limpar a casa. Sempre pensando na Vanessa em casa também.


            Aconteceu um outro caso, não consigo me lembrar se foi antes ou depois de algum destes que descrevi. Ela estava sentada se não me engano, na primeira carteira da fila , que era a da parede. E ela mandou dizer que queria falar comigo, que era para eu esperá-la onde ficava o balde de lixo, ou seja, atrás da porta da sala. Eu mandei dizer que era para ela me esperar que depois eu iria. E um instante depois me disseram que ela já estava lá. Eu olhei e lá estava a minha amada, a minha querida Vanessa. E eu não consegui me levantar e ir porque tive receio e além disso bateu o sinal e entrou a professora na sala. Depois me arrependi de não ter ido. O que ela queria me dizer não sei nesse momento. Só perguntando a ela.


            Uma outra vez se não me engano me chamaram para ir à Orientação Educacional. Eu estava na frente da sala e ela na primeira ou na segunda carteira da fila em frente à mesa da professora. E eu estava exatamente na frente da fila dela. Ela me disse:

             Adial, tchau!

            Eu não disse nada, só dei uma olhada nela apaixonado. Puxa, mas como ela estava linda naquele dia! Eu nunca a vi tão bonita como naquele dia. Foi a vez que ela estava mais linda! Ela trajava uma blusa cinza claro, mas o que chamou também a atenção foi um tipo de gorro também cinza. Parece que até combinava com ela. Quando ela falou aquilo tocou meu coração!


            Houve mais um caso. Foi assim: eu estava outra vez na frente da sala, mostrando meu caderno de Português à professora desta matéria. Ela pediu licença para a professora e foi apontar lápis em cima do balde de lixo. Puxou a porta de modo que só eu podia vê-la. Ela sorriu para mim e começou a balançar o braço direito olhando para mim. Quando eu vi aquilo me derreti todo como descrevi naquela época no caderno.


            Eu estava certo dia saindo da sala e ela ficou me acompanhando com os olhos até me perder de vista.


            Um dia quase na hora da saída ela estava com os alunos na sala e quem ficava comportado ela ia dispensando. Naquele dia a professora da última aula não tinha vindo. Ela me dispensou mas eu fiquei fora da sala olhando para os alunos e para ela. Ela riu e ficou me olhando.


            Uma vez ela estava sentada em um dos degraus acima da cancha com uma calça de Educação Física e camiseta de malha branca. Era uma aula de Educação Física. Eu a fiquei olhando, apaixonado por ela. Algumas vezes que ela estava na aula desta matéria eu a ficava observando fascinado por ela.


            Depois terminou aquele ano. Eu ia muito mal em Matemática, fiquei para recuperação mas não me recuperei... reprovei a sexta série nesta matéria que era uma das que eu tinha dificuldade, juntamente com Educação Física quando se tratava de esportes em equipe como jogos. Foi minha primeira reprovação. Eu que a família considerava inteligente. Me senti um pouco sem valor e ela que era inteligente e dedicada foi aprovada e eu fiquei para trás. Não estudaria na mesma sala que ela no ano seguinte, mas a história não parou por aí...

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